outubro 12, 2011

ofereci-me flores...



Há quem tenha carros favoritos. Há quem tenha restaurantes favoritos… Outros têm locais de férias favoritos, comida favorita, livros favoritos, filmes favoritos, mulheres favoritas, cidades favoritas, etc, etc, etc… É-me agora difícil ter este tipo de raciocínios. Confesso que mudei, não sei se pela idade, se pela dificuldade, mas mudei… Compreendo, aceito, admito este género de raciocínios ou tema de cavaqueira entre amigos. Por vezes somos mesmo obrigados a responder a questões deste tipo, naquelas estereotipadas entrevistas que dizem ser para definir melhor o perfil das pessoas… Mas não, eu tenho alguma dificuldade em definir favoritismos nesta onda a roçar a futilidade. Tenho no entanto dois velhinhos favoritos em Vilnius. Um Homem e uma Mulher. Ambos com uma imagem tão humilde e tão bela que não posso recusar o favoritismo que me invade quando passo por eles, quase todos os dias. Ele, sentado num banco de rua, numa posição que não sendo de pedinte denota desde logo essa necessidade que lhe vai na alma, no corpo, e mais do que provável, no bolso. Acredito que o pudor não lhe permite assumir uma posição mais notada dessa necessidade. Mãos cruzadas sobre uma bengala corroída pelo tempo e chapéu que me inspira, fazendo-me lembrar (não me perguntem porquê) o meu país. Ela, a minha Velhinha favorita, vende flores, escondida numa esquina. São flores muito simples, meio campestres, quase certo, apanhadas por onde passa… Como os dele, os olhos dela não mentem… As flores são o assumir da necessidade e a sua venda a dignificação da esmola. Tem sempre um ramo na mão e perto dos pés um balde de água, preto, com mais meia dúzia de ramos, esperançada, sempre, no jackpot que é para ela tão simples como a venda diária das flores que traz. Hoje, ao passar pela esquina da minha Velhinha favorita, ofereci-me flores, trouxe-as carinhosamente para casa e coloquei-as exactamente no mesmo sítio de quando me oferecem flores.

setembro 14, 2011

jardim botânico de Vilnius

Lá fui eu visitar o Jardim Botânico, embora sem expectativas já que a matéria não é propriamente temática que me apaixone... Neste sentido a minha atenção esteve fundamentalmente virada para as coisas pouco vegetais. Percebi que estamos mesmo a caminhar para o inverno ao encontrar um conjunto de belíssimos exemplares já devidamente preparados para a recepção desta estação do ano...






Depois, feliz da vida, lá identifiquei o nosso país representado por uma pedra de mármore, colheita de 2009 (não nos esqueçamos de que estamos num jardim botânico).



Já de saída, e ganhando o dia, encontrei, no Jardim Botânico, as nossas couves para caldo verde, pelos vistos não comestíveis por aqui...



junho 24, 2011

S.João em Kernavė


Há tanto tempo na Lituânia e ainda não tinha ido na noite mais curta do ano ao local que reconhecidamente é considerado como aquele onde o S. João é mais intenso: Kernavė. Basicamente direi que existem três importantes características nesta celebração: a música tradicional lituana,

o fogo e a espera pelo nascer do sol, após a noite mais curta do ano (às 23.00 horas ainda havia alguma luminosidade do astro rei e, embora não tenha passado lá a noite, acredito que por volta das 4 ele, o SOL, tenha aparecido a dar as boas vindas a todos os resistentes - uns milhares). O ambiente é mágico, toda aquela música que tem qualquer coisa de ancestral, as danças com movimentos graciosos, muito diferentes dos nossos e por fim a grande fogueira, onde ao seu redor se concentra a multidão como num regresso ao paganismo, uma adoração do fogo onde participei respeitosa e concentradamente.

Depois a beleza das mulheres, enfeitadas com coroas de flores feitas por elas, ali, depois de recolhidas criteriosamente nos campos circundantes.

Associado ao S. João existem mais duas curiosidades que não poderei deixar de citar. Uma é a que se refere ao facto de só nesta noite ser possível às meninas apanhar uma flor na floresta, que, se encontrada, lhes trará felicidade eterna... E eu lá as vi, procurando-A, com fé, perpetuando tão bonita tradição. A outra, também dedicada ao sexo feminino consiste em colocar uma vela num pequeno barco de papel e deixá-lo navegar rio abaixo ao encontro do seu amor. Foi bonito ver as luzinhas flutuando no Neris, como se estrelas tivessem caído do céu.
A noite não sendo longa, não dispensa o pic-nic, tão enraizado neste povo. Por isso não posso deixar de referir o chá e as saborosas sandwichs preparadas pela minha companheira de viagem...


Links relacionados:


junho 13, 2011

o escudo de 1927



Às vezes acontecem estas coisas... No passado sábado andava eu por Trakai, visitando uma feira medieval e sou surpreendido por uma voz gitando PORTUGALIJA, PORTUGALIJA... Havia uma probabilidade reduzidíssima de não ser para mim... E lá me dirigi para a origem da fonte sonora, um calmeirão lituano, que me lembrava ter encontrado em alguma cerimónia relacionada com o nosso país, e que me cumprimentou efusivamente, por detrás dos seus quase 2 m de altura. Estava ali a vender antiguidades, moedas, medalhas, notas, livros, quase todos do tempo da URSS. Mas logo percebi a razão de ter gritado PORTUGALIJA, já que não sabia o meu nome: mostra-me uma condecoração portuguesa pela qual pediu 200 euros (aberto a negociação) e, surpreendentemente oferece-me um escudo de 1927... Pois, não sabia o que dizer nem sabia o que fazer... São nestes pequenos detalhes que os lituanos são parecidos connosco. Por curiosidade, hoje dei uma vista de olhos pela internet para saber o valor da moeda... E não é que encontrei valores desde os 100 euros até aos 200 euros???? Acho que vou comprar a medalha. O meu amigo lituano merece!!!!

junho 11, 2011

o buraco do diabo


Hoje convidaram-me a conhecer mais um dos locais curiosos da Lituânia. Embora pareça para nós portugueses um pouco estranho, os lituanos adoram um buraco... Está localizado perto da cidade de Aukstadvaris, tem um diâmetro de cerca de 200 m, uma profundidade de 40 m e foi declarado monumento geológico em 1964.
Com a ajuda da Dalia, lá fui eu em mais uma viagem ao interior de mais uma floresta, infestada de mosquitos que se deliciaram com sangue estrangeiro. Havendo várias explicações científicas para o fenómeno (páginas 18 e 19, aqui), prevalecem histórias misteriosas em torno deste local.


(foto de Dalia Valuzyte)

Antes, demos um salto a um outro buraco, muito próximo ao anteriormente referenciado e denominado ''a irmã do buraco do diabo''. Este com uma deliciosa explicação mitológica: dizem que durante uma festa que reunia vários diabos, exactamente no actual local do buraco, os deuses zangaram-se fazendo a terra engolir aquela área, incluindo a casa onde se encontravam. Daí ainda ser possível ver o telhado dessa casa...


(foto de Dalia Valuzyte)

Entretanto a surpresa maior aconteceu agora... quando cheguei a casa. Uma das fotos que tirei na ''irmã do buraco do diabo'' é esta...


tirada com flash, e onde um dos diabos é perfeitamente visível...

Mais informação em:

maio 28, 2011

Giedrė Bulotaitė



Giedrė Bulotaitė é uma artista plástica e escritora lituana nascida em 11 de Março de 1947. Licenciada em Arquitectura, tem tido uma intervenção de grande destaque no panorama artístico da Lituânia. Está também ligada ao teatro de pantomoma, sendo fundadora de um grupo e encenado várias peças. Participou em inúmeras exposições e criou mais de 200 cartazes políticos, culturais e de carácter ambiental. Publicou vários livros, nomeadamente ''Išsatarimai'' (2004), 'Inkliuzai'' (2006) e ''Realybės Riba'' (2009).
Giedrė Bulotaitė foi casada com Vilius Jurkūnas, falecido em 2010, ilustrador de renome e um apaixonado pela faina animal.



maio 26, 2011

um bocadinho do paraíso

Mais uma viagem a um bocadinho do paraíso... Labanoras, região de Moletai. Uma visita a Giedrė Bulotaitė, uma artista lituana, licenciada em arquitectura que se dedica à pintura e à escrita.
Simpaticamente recebi o seu último livro "Realybės Riba".
Perdi-me nos detalhes da sua casa, provei a sua sopa feita com plantas apanhadas na região (fiquei com a ideia de serem leitugas) e percebi mais uma vez quão importante é a ligação dos lituanos à natureza.
O marido de Giedre Bulotaite, Vilius Jurkūnas, foi um grande estudioso da vida animal, com vários livros publicados. Reconhecido também como valoroso ilustrador de livros. Gostei de ver o livro "Robinzonas Kruzas" de Danielis Defo.
Vaguei pelos detalhes, saí um bocadinho mais sábio...








links:

abril 30, 2011

old Vilnius

É muito interessante visitar alguns links que mostram esta cidade noutros tempos... Aqui deixo algumas imagens de antes de 1945, escolhi as que mostram as diferentes vertentes da vida na cidade...

















visitando a lituania.com...