janeiro 08, 2012

BASQUETEBOL: os ''PORTUGALAI'' do LIETUVOS RYTAS




Ontem fui ver o derby Lietuvos Rytas - Zalgiris (Kaunas) no pavilhão Siemens Arena em Vilnius. Todos sabemos que o Basquetebol é a 2ª religião na Lituânia, e mais uma vez tive a feliz oportunidade de o confirmar.
Para além do excelente espetáculo dentro do campo, com um grande equilíbrio entre as duas equipas, principalmente durante a primeira parte, fiquei deveras impressionado pelas claques. Realço a sua correção no apoio aos seus jogadores, mantendo-se durante todo o jogo ativas, com gritos, cânticos, movimentos e danças. Ambiente ensurdecedor e belo.
Reparei numa faixa da claque do ''Rytas''... Tinha escrito ''PORTUGALAI''. Com a ajuda de amigos tentei entender o porquê deste nome... E assim, não havendo certeza de nada, existem teorias e explicações...
Há cerca de 30 anos atrás as pessoas de Kaunas começaram a chamar às de Vilnius ''PORTUGALAI''. Por essa altura era realmente um insulto, o que para nós portugueses não soa lá muito bem... Consta que o termo foi lançado em prisões e não sei bem porquê estaria relacionado com o galo (Galo de Barcelos?) que consideravam o símbolo de Portugal. Por essa altura a equipa de basquetebol do Zalgiris, de Kaunas, era já um colosso na Europa. Em Vilnius, havia também uma equipa com o mesmo nome, mas tratava-se de um clube de futebol, que aos poucos se ia tornando famoso. Este facto começou a apoquentar as pessoas de Kaunas, não queriam que os de Vilnius fossem mais conhecidos, agora porque poderiam vir a possuir uma boa equipa de futebol. 
Estará também relacionado com a presença de Portugal na fase final do Europeu de Futebol que se realizou em 1984, em França. Embora alcançando as meias-finais, segundo os de Kaunas, Portugal jogava mal... e os de Vilnius eram como nós, jogavam muito mal, eram ''PORTUGALAI''

Apesar desta conotação negativa, a claque do LIETUVOS RYTAS ostenta orgulhosamente (pelo menos nos jogos com o ZALGIRIS) o nome ''PORTUGALAI''!!!! E com isto, senti-me em casa...

outubro 12, 2011

ofereci-me flores...



Há quem tenha carros favoritos. Há quem tenha restaurantes favoritos… Outros têm locais de férias favoritos, comida favorita, livros favoritos, filmes favoritos, mulheres favoritas, cidades favoritas, etc, etc, etc… É-me agora difícil ter este tipo de raciocínios. Confesso que mudei, não sei se pela idade, se pela dificuldade, mas mudei… Compreendo, aceito, admito este género de raciocínios ou tema de cavaqueira entre amigos. Por vezes somos mesmo obrigados a responder a questões deste tipo, naquelas estereotipadas entrevistas que dizem ser para definir melhor o perfil das pessoas… Mas não, eu tenho alguma dificuldade em definir favoritismos nesta onda a roçar a futilidade. Tenho no entanto dois velhinhos favoritos em Vilnius. Um Homem e uma Mulher. Ambos com uma imagem tão humilde e tão bela que não posso recusar o favoritismo que me invade quando passo por eles, quase todos os dias. Ele, sentado num banco de rua, numa posição que não sendo de pedinte denota desde logo essa necessidade que lhe vai na alma, no corpo, e mais do que provável, no bolso. Acredito que o pudor não lhe permite assumir uma posição mais notada dessa necessidade. Mãos cruzadas sobre uma bengala corroída pelo tempo e chapéu que me inspira, fazendo-me lembrar (não me perguntem porquê) o meu país. Ela, a minha Velhinha favorita, vende flores, escondida numa esquina. São flores muito simples, meio campestres, quase certo, apanhadas por onde passa… Como os dele, os olhos dela não mentem… As flores são o assumir da necessidade e a sua venda a dignificação da esmola. Tem sempre um ramo na mão e perto dos pés um balde de água, preto, com mais meia dúzia de ramos, esperançada, sempre, no jackpot que é para ela tão simples como a venda diária das flores que traz. Hoje, ao passar pela esquina da minha Velhinha favorita, ofereci-me flores, trouxe-as carinhosamente para casa e coloquei-as exactamente no mesmo sítio de quando me oferecem flores.

visitando a lituania.com...